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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Não há ex-fumante e sim fumante em recuperação

O tabagismo é uma doença terrível que se alimenta de um cigarro aceso. Li em algum lugar que do total de fumantes que fazem tratamento para superar o vício, cerca de 30% voltam a fumar. E que a maioria das recaídas (cerca de 60%) ocorre nos três primeiros meses de tratamento – a fase mais crítica.

Isso talvez explique porque é comum conhecermos pessoas que tenham deixado a bebida e até as drogas, mas raramente alguém que tenha abandonado o cigarro. Esta semana uma colega que está escrevendo sobre o assunto me ligou em busca de algum ex-fumante para ilustrar sua reportagem. Por mais que me esforçasse, no momento não me lembrei de ninguém.

Desconfio que resida na aceitação social do cigarro uma das grandes dificuldades em se deixar de fumar. O contrário acontece com o dependente de drogas, que em geral tende a se excluir ou ser excluído do convívio familiar e com os amigos. O mesmo acontece com os alcoólicos, já que a bebida só é tolerada se o sujeito é capaz de “beber socialmente”.

Porém, quando alcoólicos e toxicômanos deixam o vício, parecem mais conscientes que os fumantes: sabem que não podem ter recaídas. Já o fumador acredita ser capaz de fumar apenas quando bebe, enquanto lê, ou antes de dormir, e aí volta a fumar, às vezes até com mais intensidade que antes.

É uma pena que seja assim, pois o tabagismo – segundo o Instituto Chico Anysio – é a maior causa evitável de doença e morte no planeta. Mata mais que acidentes de trânsito, AIDS, homicídios, suicídios e incêndios – juntos. É o único produto legal que mata metade de seus consumidores.

O cigarro está ligado aos cânceres de pulmão, laringe, faringe, traqueia, esôfago, bexiga e mama. Causa envelhecimento precoce, enfisema, bronquite crônica, trombose, infarto do miocárdio, gangrena, osteoporose. Em grávidas, leva a descolamento prematuro de placenta, morte fetal, nascimento de bebês de baixo peso e com predisposição a diversas doenças.

Nada disso, porém, impede que mais de um bilhão de pessoas no mundo ainda fumem. A cada ano, aproximadamente seis milhões morrem por causa do tabagismo. “Se não forem adotadas medidas urgentes, ele poderá matar ao longo do século XXI até um bilhão de pessoas”, alerta texto publicado no site do Instituto Chico Anysio.

Por tudo isso, há sete meses, deixei de fumar. Para evitar possíveis recaídas estou tentando me comportar – em relação ao cigarro – como os alcoólicos anônimos: sou “fumante em recuperação”. Agradeço a Deus por não ter fumado nas últimas 24 horas e peço-Lhe mais um dia sem cigarros. Amém.

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