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domingo, 30 de março de 2014

O Brasil é isolado pelo mar e pelo espanhol

“O Brasil é um país isolado pelo mar e pelo espanhol”. A frase do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (de quem discordo politicamente, mas reconheço como intelectual) reflete nossa falta de integração com nossos vizinhos, em grande parte por causa do idioma.


Estudo espanhol há muitos anos e, para praticar a língua de Cervantes, costumava entrar nas (hoje fora de moda) salas de bate-papo (chats) na internet. Ali “encontrava” mexicano, argentino, colombiano, boliviano, estadunidense, canadense, espanhol, alemão, mas nunca brasileiro.

Por causa desse distanciamento perdemos a oportunidade de saber sobre nossos vizinhos. Entretanto, nos informamos sobre o que se passa nos Estados Unidos, Ásia e Europa, onde estão os correspondentes das nossas emissoras de televisão.

Enquanto olhamos para o distante, ignoramos a beleza do cinema argentino, por exemplo – que já ganhou dois Oscar, com A história oficial (1985) e O segredo dos seus olhos (2010).

Sabemos quase nada também a respeito da música colombiana, salvo uma ou outra canção tema de novela como Para tu amor, de Juanes, e algumas da pop star Shakira, conhecida no mundo inteiro.

Somos todos latinos, mas nós, brasileiros, acreditamos que nos bastamos a nós mesmos, ou seja, não nos reconhecemos como latinoamericanos. Temos a impressão de que nossa língua e nossa diversidade cultural nos fazem auto-suficientes.

É uma pena, pois perdemos a oportunidade de aprender muito, afinal, a língua espanhola é terceira mais falada no mundo – atrás apenas do inglês e do mandarim – e não se limita apenas aos falantes de língua materna, que já ultrapassa os 350 milhões de pessoas.

E esse número cresce a cada ano pela quantidade de pessoas que aprendem o idioma como língua estrangeira, se destacando também no mundo comercial, principalmente na comunidade europeia, onde é a segunda língua mais utilizada – perdendo apenas para o inglês. Vem alcançando também um número considerável de internautas, sendo atualmente a terceira língua mais utilizada na internet.

No Brasil, a proximidade com as fronteiras de países hispanofalantes e o aumento das relações comerciais impulsionadas pelo Mercosul, levaram o governo brasileiro a introduzir a língua espanhola como oferta obrigatória nas escolas, por meio da Lei nº 11.161, em 05 de agosto de 2005, conhecida com a Lei do Espanhol.

No entanto, como tudo no Brasil, a obrigatoriedade não garantiu a oferta do ensino do idioma nas escolas públicas. No Tocantins, por exemplo, não há 50 professores de espanhol concursados, para os 139 municípios.


Se nada for feito, correremos o risco de transformar o ensino da língua espanhola na escola pública o que há anos acontece com o inglês – idioma no qual nossos jovens raramente vão além do verbo to be...

sábado, 29 de março de 2014

O mito da raça

Importante reflexão sobre o mito da raça. Não existem raças, o que há é uma única raça, a humana!!!


sexta-feira, 28 de março de 2014

Da difícil vida dos políticos

Já ouvi inúmeros deputados e vereadores me dizerem que eles, os políticos, são “mal vistos” pela sociedade por culpa de “vocês, da imprensa”. É mesmo, excelências?

E eu que sempre imaginei que a crise de representatividade no Legislativo estivesse associada ao fato de muitos parlamentares não serem vistos com muita frequência nas sessões, comparecendo somente após determinação do Executivo para votar, contra ou a favor, deste ou ou daquele projeto...

Porque suas excelências são eleitas pela oposição e depois vão para o governo – e vice-versa...

Por mudarem de partido sob qualquer pretexto, ou brecha na lei, por eles elaboradas...

Por aprovarem seus próprios salários, 35 vezes maior que a média nacional, sem contar todas as benesses do cargo, como verba de gabinete, viagens oficiais e verba indenizatória...

Por só extinguirem outras benesses – auxílio-moradia, sessões extras remuneradas, 14º e 15º salários – após ações judiciais e críticas na imprensa...

Por aprovarem qualquer aumento de salário e criação de “vantagens” aos representantes dos demais poderes – Judiciário e Executivo – e fazerem ouvidos moucos para o clamor de professores, policiais e outros servidores públicos...

Por defenderem “os mais necessitados” somente nos palanques, e nunca da tribuna do parlamento, após a eleição...

Por entrarem e sair da casa de leis pela porta dos fundos, evitando encontrar com os pobres que lotam seus gabinetes em busca do emprego prometido durante a eleição...

A lista é longa e sei que seu tempo é curto, caro leitor. Por isso, voltaremos a falar sobre esse tema.

P. S.

Qualquer semelhança com a realidade, excelências, não é mera coincidência.

quinta-feira, 27 de março de 2014

A inveja é uma m...

Mais dois dedos de prosa sobre a inveja.

O escritor americano Gore Vidal padecia de inveja. Com uma carreira bem sucedida, Vidal, falecido em 2012, era um invejoso diferente. Ele confessava o problema e ainda fazia terapia para se curar.

Certa vez, ao ser questionado sobre a forma como lidava com o sucesso de seus colegas, ele respondeu: “Quando um dos meus amigos tem sucesso, alguma coisa em mim se apaga”.

Nelson Rodrigues também sofria de inveja. Teria confessado o sentimento após a morte de Guimarães Rosa. “A notícia deu-me um alívio, uma brusca e vil euforia. É fácil admirar, sem ressentimento, um gênio morto.”

Machado de Assis, considerado o maior escritor brasileiro, teria escrito seu grande romance Memórias Póstumas de Brás Cubas “movido” pelo sentimento de inveja que sentia pelo português Eça de Queiroz, autor de O primo Basílio...

P.S.

A seguir, alguns links com sugestões de leitura para quem se interessou e quer saber um pouco mais sobre o assunto:









quarta-feira, 26 de março de 2014

No creo em brujas, pero que las hay, las hay

O tema inveja sempre me interessou. Inveja como tese, claro, não o sentimento em si. Meu interesse pelo assunto foi despertado pelo jornalista e escritor Zuenir Ventura, com seu livro Inveja – mal secreto (Editora Objetiva).

O livro prende a atenção do leitor logo nas primeiras páginas, nas quais Zuenir adverte sobre estas importantes distinções: “aos que pretendem empreender essa viagem, o autor pede que levem consigo, para o caso de se perderem, três distinções básicas: ciúme é querer manter o que se tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é não querer que o outro tenha”.

Parte integrante da coleção Plenos Pecados – que discute os sete pecados capitais – mal secreto é muito mais que um livro sobre inveja. É um delicioso relato sobre alguém que está escrevendo um livro sobre inveja.

Ensinamentos

Diferente de outros pecados – como a gula e a luxúria – a inveja é de fato um mal secreto. Quem a possui esconde. Vive num mundo de trevas...

Desta forma, ninguém é invejoso. Todos são invejados. Aliás, sentir-se invejado é uma das principais características dos invejosos. E quem, afinal, não conhece alguém que se diz “invejado”?

Outra informação importante sobre esse tenebroso mal é que, segundo Zuenir e outros invejólogos, não existem inveja boa ou inveja branca. Desconfio, inclusive, que o último termo é racista!

O argumento para a inveja boa parece ser o mesmo dos que se dizem invejados: ambos têm a função de atenuar a vergonha que se tem do sentimento de inveja.

Vale destacar ainda que a inveja se manifesta entre iguais. No ambiente de trabalho, por exemplo. Por isso, costuma-se dizer que rei inveja rei e mendigo inveja mendigo.

Portanto, não se sinta culpado por achar que inveja algum cantor, ator ou escritor famoso – a não ser que você seja um destes.

Vamos parando por aqui, porque este assunto rende páginas e páginas. Pessoalmente, morro de inveja de quem tem a capacidade de sintetizar o que escreve...

P.S.

Não sei se inveja realmente existe. E dizem que ser supersticioso dá azar. Na dúvida, vou usando figa, trevo de quatro folhas, galhos de arruda...

No Tocantins, deputados querem auxílio-saúde

Hoje é dia de fechamento no Jornal Stylo. Será um dia corrido e por isso meu post de hoje é uma matéria de autoria deste repórter, publicada no dia 17 de maio do ano passado, no jornal Estado de S. Paulo e republicada em muitos outros sites e jornais. 

Sei que é muita pretensão, mas é possível que ela tenha influenciado de alguma maneira para que mais uma regalia não fosse aprovada naquela Casa de Leis.

Rubens Gonçalves, especial para o Estado / Palmas - O Estado de S.Paulo

Após aprovar em março a criação de um auxílio-moradia para os seus 24 deputados estaduais, a Assembleia Legislativa do Tocantins agora se prepara para votar um projeto que institui outro benefício: o auxílio-saúde.
A proposta de autoria do deputado José Bonifácio (PR) foi apresentada na semana passada e tramita na Comissão de Constituição e Justiça. Se o projeto de resolução for aprovado, os legisladores do Tocantins terão direito à assistência médica, hospitalar e odontológica paga com verba pública. O projeto prevê o ressarcimento de todos os gastos com a saúde dos parlamentares, mediante prestação de contas. O auxílio-saúde não prevê um teto para os gastos com a saúde dos parlamentares.
Aprovado por um ato da mesa diretora no dia 28 de março, o auxílio-moradia é concedido, indistintamente, aos deputados do Tocantins, mesmo para os que têm residência na capital, Palmas. O valor corresponde a 90,25% do auxílio-moradia pago pela Câmara aos deputados federais - R$ 3,8 mil. Assim, cada parlamentar tocantinense recebe mensalmente um auxílio de R$ 3.429,50. Após a repercussão negativa, quatro deputados abriram mão do benefício.
O presidente da seccional do Tocantins da Ordem dos Advogados do Brasil, Epitácio Brandão, disse que os deputados estaduais legislam em causa própria. "Seria preciso aprovar também o auxílio-óleo de peroba", ironizou Brandão, numa alusão ao líquido utilizado para dar brilho à madeira. "Sobre o aspecto legal, não há muito que se questionar. O problema é que eles parecem não ter limite." O Ministério Público Estadual, que poderia questionar na Justiça as benesses pagas aos parlamentares, enviou projeto de lei para a Assembleia pedindo auxílio-moradia para promotores e procuradores. 

terça-feira, 25 de março de 2014

Ser simples é complicado


São poucos os que alcançam a simplicidade. Parece paradoxal, mas é complicado ser simples; para chegar a esse “grau” é preciso uma vida inteira de trabalho, leitura e reflexão. E isso vale para pessoas de todas as áreas – advogados, jornalistas, escritores, professores...

Borges na Biblioteca Nacional Argentina, onde trabalhou por muitos anos
O psicanalista Flávio Bastos nos lembra que “quanto mais simples e natural for o indivíduo, mais sintonizado ele estará com a Fonte de Sabedoria Universal. Quanto mais distante da linha natural for o seu comportamento, mais atrelado ele ficará às manifestações de seu eu inferior”.

“A sapiência”, escreve Bastos, “é uma qualidade desenvolvida pelo espírito e não por valores fundamentados na superficialidade do conhecimento, na competitividade intelectual ou na vaidade”.

De fato, sábio é aquele que tem convicção de que "nada sabe". Não é demais lembrar que Jesus ensinou a simplicidade, não só com palavras, mas com Seu exemplo de vida.

Borges

Escrevo sobre esse tema, não porque eu seja simples, mas porque estou (re)lendo alguns dos textos e poesias do escritor argentino Jorge Luis Borges, e fico impressionado com a simplicidade das dedicatórias que ele escreveu à sua amada...

“Maria Kodama, dizem que só se dá o que já é do outro. Esse livro sempre foi seu”, ou ainda: “que coisa curiosa é uma dedicatória, Maria Kodama. É uma entrega de símbolos”.

Borges levou cerca oitenta anos de leitura e memória – já que ficou cego aos 51 anos de idade – para chegar a ser tão singelo. Dizem, porém, que sua simplicidade parava por aí. Mas essa é outra história...

O que inegável é sua genialidade, como demonstra a conhecida frase seguinte, justamente sobre a cegueira: “Poetas, como os cegos, podem ver no escuro”.

O prazer de ler

Descobri que não avanço na leitura em e-book... É uma pena, pois tenho muito mais livro nesse formato do que em papel... Espero que minhas filhas os leiam, quando estiverem mais velhas... A maioria é de Literatura, Economia, Filosofia, História, Antropologia, Sociologia e outras “logias” com as quais elas ainda não estão muito familiarizadas... A quem possa interessar, basta me entregar um pen drive ou um HD externo e copio quantos o leitor quiser.  Boa e-leitura!!!



P.S.
O título deste post é o mesmo de um livro da jornalista, escritora e tradutora Heloísa Seixas. Obra que infelizmente ainda não li, mas vou ler, pois sou louco por livros sobre livros. Porém, a leitura de O prazer de ler será feita no bom e velho formato: livro. Nada de e-book.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Meus herois não morreram de overdose




Descubro com alegria que as pessoas que amamos e admiramos são humanas e não deuses, como imaginamos; que esses “seres” costumam ser mais simples do que muitas pessoas com as quais convivemos diariamente.

Foi o que descobri mandando e-mails para escritores e jornalistas renomados, como Carola Saavedra, Eliane Brum e Carol Pires.

Mulheres inteligentes e admiráveis, elas respondem a e-mails de “mortais” de forma generosa, delicada e até carinhosa, ou seja, bem diferente de “amigos” próximos, que não nos respondem ou fazem com má vontade. “Obrigada por ler as reportagens e obrigada por me escrever”, me escreveu a jornalista Carol Pires. 

Carol ainda não tem livro publicado, mas já tem um currículo respeitável, tendo trabalhado como repórter de política em Brasília para o Blog do Noblat, iG, Estadão e, agora, revista Piauí.

De acordo com o Portal Imprensa, ela foi colunista do Terra Magazine em Buenos Aires durante a campanha de Cristina Kirchner à presidência, em 2010. Tem trabalhos publicados pelas revistas Rolling Stone, Marie Claire, Soho (Colômbia), Paula (Chile) e N+1 (EUA). Algumas de suas reportagens também foram traduzidas pelas revistas Gatopardo (México), El Malpensante (Colômbia), Plaza Pública 
(Guatemala) e Courrier International (França).

Carol é formada em jornalismo pelo IESB e mestre em estudos latino-americanos pela Universidade de Columbia em Nova York. Em 2012, foi nomeada uma das "Nuevas Cronistas de Indias" pela Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo (FNPI).

Conheço seus textos da revista Piauí e posso garantir que a moça tem uma escrita invejável. Vale a pena conhecer.

A seguir algumas sugestões links com textos das três escribas: http://pirescarol.wordpress.com

Vamos plantar oiti em Palmas!




Fazendo uma matéria sobre os "bons exemplos" de arborização em Palmas estou cada vez mais convencido de que a o oiti (Moquilea tomentosa) é mesmo a árvore mais adequada para a nossa cidade. 



A espécie se adapta bem ao clima da região, tem porte médio (de 10 a 20 metros de altura e copa com 6 metros de diâmetro) e raiz pivotante (cresce para baixo e não se espalha na superfície, evitando danos às calçadas e às estruturas das edificações)...

Entretanto, ainda insistem em plantar espécies "importadas", como a palmeiras imperias... Palmeiras, aliás, não fazem sombra nem para o próprio tronco.