Estudo espanhol há muitos anos e, para praticar a língua de Cervantes, costumava entrar nas (hoje fora de moda) salas de bate-papo (chats) na internet. Ali “encontrava” mexicano, argentino, colombiano, boliviano, estadunidense, canadense, espanhol, alemão, mas nunca brasileiro.
Por causa desse distanciamento perdemos a oportunidade de saber sobre nossos vizinhos. Entretanto, nos informamos sobre o que se passa nos Estados Unidos, Ásia e Europa, onde estão os correspondentes das nossas emissoras de televisão.
Enquanto olhamos para o distante, ignoramos a beleza do cinema argentino, por exemplo – que já ganhou dois Oscar, com A história oficial (1985) e O segredo dos seus olhos (2010).
Sabemos quase nada também a respeito da música colombiana, salvo uma ou outra canção tema de novela como Para tu amor, de Juanes, e algumas da pop star Shakira, conhecida no mundo inteiro.
Somos todos latinos, mas nós, brasileiros, acreditamos que nos bastamos a nós mesmos, ou seja, não nos reconhecemos como latinoamericanos. Temos a impressão de que nossa língua e nossa diversidade cultural nos fazem auto-suficientes.
É uma pena, pois perdemos a oportunidade de aprender muito, afinal, a língua espanhola é terceira mais falada no mundo – atrás apenas do inglês e do mandarim – e não se limita apenas aos falantes de língua materna, que já ultrapassa os 350 milhões de pessoas.
E esse número cresce a cada ano pela quantidade de pessoas que aprendem o idioma como língua estrangeira, se destacando também no mundo comercial, principalmente na comunidade europeia, onde é a segunda língua mais utilizada – perdendo apenas para o inglês. Vem alcançando também um número considerável de internautas, sendo atualmente a terceira língua mais utilizada na internet.
No Brasil, a proximidade com as fronteiras de países
hispanofalantes e o aumento das relações comerciais impulsionadas pelo Mercosul,
levaram o governo brasileiro a introduzir a língua espanhola como oferta
obrigatória nas escolas, por meio da Lei nº 11.161, em 05 de agosto de 2005,
conhecida com a Lei do Espanhol.
No entanto, como tudo no Brasil, a obrigatoriedade não garantiu a oferta do ensino do idioma nas escolas públicas. No Tocantins, por exemplo, não há 50 professores de espanhol concursados, para os 139 municípios.
Se nada for feito, correremos o risco de transformar o ensino da língua espanhola na escola pública o que há anos acontece com o inglês – idioma no qual nossos jovens raramente vão além do verbo to be...