São poucos os que alcançam a simplicidade. Parece paradoxal, mas
é complicado ser simples; para chegar a esse “grau” é preciso uma vida inteira
de trabalho, leitura e reflexão. E isso vale para pessoas de todas as áreas –
advogados, jornalistas, escritores, professores...
Borges na Biblioteca Nacional Argentina, onde trabalhou por muitos anos |
“A sapiência”, escreve Bastos, “é uma qualidade desenvolvida
pelo espírito e não por valores fundamentados na superficialidade do
conhecimento, na competitividade intelectual ou na vaidade”.
De fato, sábio é aquele que tem convicção de que "nada
sabe". Não é demais lembrar que Jesus ensinou a simplicidade, não só com
palavras, mas com Seu exemplo de vida.
Borges
Escrevo sobre esse tema, não porque eu seja simples, mas porque
estou (re)lendo alguns dos textos e poesias do escritor argentino Jorge Luis
Borges, e fico impressionado com a simplicidade das dedicatórias que ele escreveu
à sua amada...
“Maria Kodama, dizem que só se dá o que já é do outro. Esse
livro sempre foi seu”, ou ainda: “que coisa curiosa é uma dedicatória, Maria
Kodama. É uma entrega de símbolos”.
Borges levou cerca oitenta anos de leitura e memória – já que
ficou cego aos 51 anos de idade – para chegar a ser tão singelo. Dizem, porém,
que sua simplicidade parava por aí. Mas essa é outra história...
O que inegável é sua genialidade, como demonstra a conhecida
frase seguinte, justamente sobre a cegueira: “Poetas,
como os cegos, podem ver no escuro”.
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