Pesquisar este blog

terça-feira, 25 de março de 2014

Ser simples é complicado


São poucos os que alcançam a simplicidade. Parece paradoxal, mas é complicado ser simples; para chegar a esse “grau” é preciso uma vida inteira de trabalho, leitura e reflexão. E isso vale para pessoas de todas as áreas – advogados, jornalistas, escritores, professores...

Borges na Biblioteca Nacional Argentina, onde trabalhou por muitos anos
O psicanalista Flávio Bastos nos lembra que “quanto mais simples e natural for o indivíduo, mais sintonizado ele estará com a Fonte de Sabedoria Universal. Quanto mais distante da linha natural for o seu comportamento, mais atrelado ele ficará às manifestações de seu eu inferior”.

“A sapiência”, escreve Bastos, “é uma qualidade desenvolvida pelo espírito e não por valores fundamentados na superficialidade do conhecimento, na competitividade intelectual ou na vaidade”.

De fato, sábio é aquele que tem convicção de que "nada sabe". Não é demais lembrar que Jesus ensinou a simplicidade, não só com palavras, mas com Seu exemplo de vida.

Borges

Escrevo sobre esse tema, não porque eu seja simples, mas porque estou (re)lendo alguns dos textos e poesias do escritor argentino Jorge Luis Borges, e fico impressionado com a simplicidade das dedicatórias que ele escreveu à sua amada...

“Maria Kodama, dizem que só se dá o que já é do outro. Esse livro sempre foi seu”, ou ainda: “que coisa curiosa é uma dedicatória, Maria Kodama. É uma entrega de símbolos”.

Borges levou cerca oitenta anos de leitura e memória – já que ficou cego aos 51 anos de idade – para chegar a ser tão singelo. Dizem, porém, que sua simplicidade parava por aí. Mas essa é outra história...

O que inegável é sua genialidade, como demonstra a conhecida frase seguinte, justamente sobre a cegueira: “Poetas, como os cegos, podem ver no escuro”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário